quarta-feira, 14 de maio de 2014

Mitos e verdades sobre lição de casa

TEXTO 03 – MAIO/2014

Ensino Fundamental II e Médio 


Sabe qual é a melhor maneira de descobrir se o seu filho está indo bem na escola? Acompanhando a lição de casa dele. Ao participar do dia a dia escolar de seu filho, você consegue perceber se ele está aprendendo o que deveria durante o decorrer do ano. E é nesse momento que surgem as dúvidas: devo explicar passo a passo a tarefa do(a) meu(minha) filho(a)? Posso dar a resposta certa caso ele(ela) não saiba? É preciso ficar ao seu lado o tempo todo na hora de fazer a tarefa ou o deixo fazendo sozinho, afinal essa é sua única responsabilidade? 

É com o intuito de refletirmos um pouco sobre esse aspecto da vida escolar do(a) seu(sua) filho(a) que a presente edição do Projeto Conversando com os Pais apresenta um texto retratando alguns mitos e verdades sobre a lição de casa. No entanto, ressaltamos que o mais importante de tudo o que for apresentado é a demonstração de interesse pelas atividades escolares do(a) filho(a).

Qual é a importância da lição de casa?

A lição de casa é importante para pais, alunos e professores.
Para o aluno, é fundamental porque faz com que ele enfrente desafios pedagógicos fora do contexto escolar, além de ajudá-lo a construir uma autonomia, a estabelecer uma rotina e a melhorar a capacidade de organização.
Para o professor, é uma atividade útil porque lhe permite verificar quais são as dificuldades dos alunos e, consequentemente, adotar estratégias de superação das mesmas.
Para os pais, é uma maneira de acompanhar o que está sendo ensinado na escola do filho.

Toda lição de casa é igual?

Não. Existem três tipos diferentes de tarefas de casa

- Lição que sistematiza conhecimentos: é o tipo de lição mais comum. Nessa modalidade, o aluno faz exercícios, sozinho. Analisando as respostas, o professor verifica quais são os principais problemas individuais e coletivos da turma e pode reforçar os conteúdos em que os alunos apresentam mais dificuldades.

- Lição preparatória: é a lição que introduz um novo tema. Antes de começar a trabalhar um novo tema, o professor pode pedir, por exemplo, que os alunos leiam notícias de jornais relacionadas ao assunto. Assim, antes de introduzir o novo conteúdo, ele sonda o que os estudantes já sabem sobre ele.

- Lição de aprofundamento: é a lição em que o aluno aprofunda os temas já estudados por meio de trabalhos mais longos. Pode ser uma pesquisa sobre determinado assunto ou a apresentação oral de um trabalho.

As três servem a objetivos diferentes, mas são igualmente importantes. Por isso, a lição de casa não deve ser vista apenas como uma obrigação, mas sim como uma parte fundamental dos estudos que, se for deixada de lado, pode comprometer o aprendizado.

O que o professor percebe com a lição de casa?

A principal função da lição de casa é justamente complementar o trabalho do professor em sala de aula. Por meio da lição, o professor pode verificar quais são as principais dificuldades individuais e coletivas dos alunos. Quando um conteúdo não é bem aprendido, os conteúdos seguintes podem ficar prejudicados. Portanto, analisar a lição de casa dos alunos é uma forma de fazer uma "recuperação" diária, trabalhando os pontos em que os estudantes apresentam mais dificuldades. Além disso, no caso da lição preparatória, ele pode fazer um apanhado dos conhecimentos prévios da turma sobre determinado assunto, para decidir qual é a melhor forma de introduzir um novo tema.

O que os pais podem ver por meio da lição de casa?

Além de ajudar o trabalho do professor, a lição de casa é uma maneira de os pais saberem o que vem sendo ensinado na escola. Acompanhando as tarefas, é possível saber o que o filho está aprendendo, em que disciplinas ele tem mais dificuldades e se precisa ou não de aulas de reforço. Mas atenção: acompanhar não significa fazer a lição. Ajudar o filho eventualmente é saudável, mas é errado resolver as questões por ele. E é importante não se intimidar diante de conteúdos desconhecidos. Nesses casos, o melhor é ser sincero, explicar ao filho que não sabe ou não lembra da matéria e fazer uma pesquisa conjunta. A hora de fazer a lição de casa também pode ser um momento de compartilhar dúvidas.
  • O adolescente não deve fazer a lição com a TV ou o computador ligado. 
VERDADE: Para não desviar a atenção dos estudantes, os pais devem desligar a televisão, o computador e evitar espaços em que outras crianças estejam brincando. "Os equipamentos somente devem ser usados quando solicitados para a realização de alguma atividade específica, como pesquisas. O ideal é que o estudante tenha um lugar próprio para fazer a lição... Se tiver uma mesa adequada, espaçosa, em um local ventilado, com um lugar para guardar todo o seu material escolar, é ainda melhor. O estudante deve ter um espaço definido para realizar as tarefas.
  • Se o aluno não sabe resolver um exercício, o pai deve explicar o conteúdo.
MITO: O pai que ensina o conteúdo da maneira que aprendeu na escola pode acabar confundindo ainda mais a criança. "O certo não é explicar do jeito dele, mas tentar ajudar o filho a buscar, dentro dos seus próprios conhecimentos, a resolução do problema". 
  • O responsável deve estar ao lado do adolescente do início ao fim da lição 
MITO: os pais devem realizar o trabalho de orientação geral das atividades, colocando-se a disposição caso ele/ela necessite de ajuda. Ficar o tempo todo sentado ao lado torna a criança muito dependente e ansiosa. 
  • O ideal é que o aluno demore cerca de uma hora para resolver a lição.
VERDADE: Os pais precisam ficar atentos à duração da tarefa: crianças de 7 a 8 anos devem demorar entre uma hora e uma hora e trinta minutos para terminar sua tarefa; os alunos do 6º ao 8º ano demoram em média 1hora e meia e os alunos do ensino médio demoram umas duas horas. Se o estudante dedica mais ou muito menos tempo para os exercícios, os pais devem observar a rotina do filho (se ele levanta muitas vezes, se o ambiente é adequado, se um adulto está por perto) e procurar a escola para conversar sobre o rendimento do aluno e as exigências pedagógicas. Lembrando: este tempo médio é para a realização das tarefas de casa, o próximo momento deve ser destinado ao estudo. 
  • Mesa de jantar não é lugar para criança fazer a lição de casa.
MITO: Se a mesa de jantar é confortável para a criança, no momento da atividade não está sendo utilizada com outra finalidade e todos os materiais de que ela precisa para fazer os exercícios estão por perto, não há problema nenhum em usá-la. O local ideal é iluminado, ventilado, silencioso, com uma mesa adequada para a realização do estudo, sem aparelhos eletrônicos ligados e sem objetos que possam distrair a criança.
  • A lição não deve ser entregue com erros para o professor.
MITO: o objetivo da tarefa é fazer analisar o que o aluno aprendeu em sala de aula. "É melhor levar para escola um exercício que mostre que ele tentou do que uma tarefa feita pelo pai ou em branco. A tentativa tem tanto valor quanto a resposta certa”. Mas vale uma observação: não é interessante que crianças com professora particular (reforço) venham para a escola com atividades de casa com erros, visto que este momento foi acompanhado por um profissional que tem a função de auxiliá-lo nesse processo.
  • Os pais nunca devem fazer a lição no lugar do adolescente.
VERDADE: os pais devem tentar auxiliar o adolescente, mas nunca resolver o exercício em seu lugar. "Muitas vezes os pais acham que a lição deve voltar para a escola totalmente correta, e acabam resolvendo pelo filho ou extrapolando nas explicações. Cuidado, pois isso pode resultar em mais dúvidas ou mascarar uma dificuldade significativa".
  • Não existe o melhor horário para o adolescente fazer a lição de casa.
VERDADE: não existe uma regra, já que o horário ideal depende de cada família. Esse momento da tarefa de casa deve fazer parte da rotina para a família, acontecendo, de preferência, sempre no mesmo horário todos os dias. O cuidado é para que não seja muito tarde porque a criança está cansada e não rende.
  • Durante a realização das tarefas de casa posso perceber se as dificuldades do meu filho estão além das esperadas para sua idade.
VERDADE: algumas dificuldades escolares podem ser percebidas em casa no momento da realização das tarefas, tais como: a criança tem dificuldades de se manter sentada durante o período estabelecido; demora muito tempo na realização das tarefas; qualquer situação é motivo de dispersão; dificuldades significativas na interpretação dos enunciados das questões; desmotivação/apatia/aversão nesse momento. Diante dessas ou de outras dificuldades, é necessário procurar a escola para uma conversa sobre a situação, a fim de analisar se essas questões aparecem nos dois ambientes e pensar nas estratégias de atuação.
  • Para incentivar a responsabilidade, pais não devem perguntar aos filhos sobre a lição.
MITO: "A família precisa valorizar a lição de casa, mostrar interesse, deixar a criança falar sobre como foi o dia dela na escola. Nunca usar termos para desmerecer, dizer que a lição é uma coisa chata, um sacrifício, que a família não pode sair porque a criança tem tarefa para fazer”. Lembrar: desenvolver autonomia não significa de largar a vida escolar do filho.
  • Escola boa é a que manda muita lição de casa.
MITO: A quantidade de lição que uma escola passa não demonstra se a criança aprendeu ou não, devendo-se estar atento para a qualidade das atividades e metodologia que favoreçam o processo de construção do conhecimento da criança. É interessante, os pais estarem em contato com professores e coordenadores para conhecer a projeto pedagógico da escola.

Confira algumas orientações do que fazer antes, durante e depois da hora da tarefa de casa:

ANTES

1. ENTENDA SEU FILHO 
Uma grande ajuda na hora da lição de casa é saber o que motiva e o que desanima seu filho. Por exemplo, será que ele gosta que você fique por perto ou prefere privacidade? Será que ele precisa que você o ajude a organizar por qual matéria começar ou ele quer decidir isso sozinho? 

2. DEFINA AS REGRAS EM COMUM ACORDO 
Converse com seu filho e estabeleçam - juntos - como será a rotina para a lição. Onde será feita, em qual horário, etc. Deixe que ele explique suas preferências e seja flexível. Por exemplo: ele não quer perder o programa de TV favorito. Ajustem o horário de modo que ele tenha este direito garantido. Direito que ele perde se não terminar a tarefa a tempo (caso o combinado seja fazer antes) ou se não desligar a TV logo depois (para ir logo se dedicar à lição). 

Lembre-se: o ideal é não alterar a rotina, mas, se for o caso, explique o motivo da mudança. 

3. ORGANIZE O LUGAR 
Escolham - juntos - o local onde a lição será feita. Mas garanta que ele esteja arrumado e limpo na hora combinada. Se for a mesa da cozinha, por exemplo, nada de alimentos ou pratos na hora da lição, hein? 

Lembre-se: o bem-estar é superimportante. Verifique a temperatura do ambiente, a iluminação, a ventilação. Quanto mais confortável ele estiver, melhor! 

4. ACABE COM A DISTRAÇÃO 
Desligue a televisão e o rádio e tente eliminar - ou diminuir - outros sons que atrapalhem a concentração. Ajude seu filho a se concentrar na tarefa! 

5. FIQUE DE OLHO NA DISPOSIÇÃO DELE 
Na hora da lição, seu filho precisa estar bem disposto. Ou seja: não pode estar cansado, com fome, irritado, distraído... O melhor neste caso é resolver o problema primeiro. E isso vale para você também! Resolva essas questões antes de começar! 

6. CONFIRA SE TODO O MATERIAL NECESSÁRIO ESTÁ DISPONÍVEL 
Parar a lição para procurar onde está o lápis de cor, a régua ou o dicionário só ajuda a tirar o foco da tarefa. Organize tudo antes de começar para não haver dispersão!

DURANTE

7. RESPEITE O MOMENTO 
Todos em casa devem saber que a lição está sendo feita e contribuir, evitando interrupções, barulhos desnecessários ou ações que tirem a concentração e o foco de quem está estudando. 

8. VEJA SE SEU FILHO SABE O QUE É PARA SER FEITO 
Pergunte se ele tem dúvidas sobre o que o professor pediu para fazer e coloque-se à disposição para ajudá-lo. 

9. AUXILIE EM CASO DE DÚVIDAS 
Se seu filho tiver uma dúvida, ajude-o. Mas não responda por ele. Sugira que ele procure exemplos parecidos no livro ou no caderno, ou então, ajude-o a pensar sobre o assunto até que ele chegue à sua própria conclusão. 

10. OCUPE-SE COM COISAS PARECIDAS 
Enquanto ele faz contas, que tal dar uma olhada no orçamento? Se ele vai produzir um texto, aproveite para fazer alguma anotação. O ideal é não parecer que se está fazendo algo mais interessante do que ele - como jogar no computador, por exemplo, ou ver TV. 

11. INCENTIVE-O A REVER A LIÇÃO 
Olhar a lição de novo depois de terminada é uma boa prática. Se ele pedir para você rever com ele, valorize o esforço e não aponte diretamente os erros. Caso encontre coisas incorretas e perceba que ele tem condição de localizar o erro, estimule-o comentando. "Que tal rever este trecho ou esta conta, veja se está tudo certo ou se encontra algo errado?". Elogie-a se ele encontrar o problema e jamais brigue se isso não ocorrer.

DEPOIS

12. VEJA SE A LIÇÃO FOI CORRIGIDA 
Será que a lição de casa foi corrigida? A falta de correção da lição pode desestimular seu filho. Afinal, ele pode entender que de nada valeu tanto esforço. Caso isso se repita sempre, é interessante conversar na escola - com o professor ou com o coordenador. 

13. ELOGIE OS ACERTOS E NÃO APONTE OS ERROS 
Seu filho acertou todos os exercícios da lição passada? Ele merece que você lhe dê parabéns! Mas se errou muitos, nada de briga. Pergunte se, com a correção do professor ele entendeu porque errou. Se a resposta for negativa, estimule-o a tirar dúvidas diretamente com o professor. E acompanhe. 

14. INFORME O PROFESSOR EM CASO DE DIFICULDADE 
Seu filho deveria ter condição total de fazer a lição de casa sem achá-la muito difícil ou complicada. Afinal, se a lição foi passada, é porque o professor já explicou aquele conteúdo. Às vezes pode ser apenas uma dificuldade pontual e neste caso, estimule seu filho a tirar dúvidas com o professor. Caso isto se torne frequente, o melhor é ir até a escola para identificar onde está o problema.


(Texto extraído do site da Editora Abril e adaptado pelo Setor de Psicologia Escolar)

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